A Construção Civil no Brasil: Inovação, Capacitação e Sustentabilidade como Pilares para o Futuro
- Lauser Zanetti Nunes Advogados
- 24 de mar.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de mar.
A construção civil é, indiscutivelmente, um dos pilares econômicos mais importantes em todo o mundo. No Brasil, esse setor desempenha um papel central, atuando como motor de desenvolvimento urbano, gerador de empregos e um dos principais contribuintes para a economia nacional. Representando cerca de 7% do Produto Interno Bruto (PIB), a saúde e a evolução da construção civil são essenciais para o crescimento do País.
No entanto, estamos em um momento em que a simples manutenção do status quo não é mais suficiente. A inovação, a capacitação dos profissionais e a sustentabilidade deixaram de ser conceitos de moda para se tornarem imperativos para a sobrevivência e o sucesso futuro do setor.
Desafios Históricos e a Necessidade de Mudança
Historicamente, a construção civil no Brasil enfrenta desafios significativos, como o desperdício de materiais nos canteiros de obras, a falta de modernização em processos e a baixa produtividade. Esses problemas, somados à burocracia e à falta de investimento em tecnologia, limitam o potencial do setor.
Um estudo recente da Falconi, intitulado “Termômetro do setor – Construção Civil”, revela que apenas 10% dos porta-vozes de 144 construtoras e incorporadoras consideram o setor bastante inovador. Enquanto isso, 56% avaliam o mercado como pouco ou não inovador. Esse cenário contrasta com a percepção de eficiência: 73% das empresas se consideram eficientes ou muito eficientes.
O Papel do Projeto Construa Brasil
O Projeto Construa Brasil, lançado pelo Governo Federal em 2022, é um passo importante para superar esses desafios. Com foco em desburocratizar, digitalizar e industrializar a construção civil, a iniciativa busca criar um ambiente de negócios mais eficiente, onde a inovação possa florescer. A disseminação do Building Information Modeling (BIM) é um dos pilares do projeto, mas seu sucesso depende da participação ativa das empresas.
Governos podem criar políticas e incentivos, mas são as empresas que devem liderar a transformação. A capacitação contínua dos profissionais, a digitalização de processos e a formação de parcerias estratégicas são fundamentais para criar um mercado dinâmico e competitivo.
Adoção de Tecnologias: Um Caminho em Construção
O levantamento da Falconi mostra que ferramentas tradicionais, como gestão de cronograma de obra (70%), ERP (67%) e BIM (56%), são amplamente adotadas. No entanto, tecnologias disruptivas, como inteligência artificial (15%), realidade virtual (13%), IoT (3%) e blockchain (3%), ainda são subutilizadas.
Essa discrepância reflete o conservadorismo do setor, mas também aponta para uma oportunidade. A maioria dos empresários (37%) acredita que a construção civil enfrentará disrupções significativas nos próximos cinco anos.
Lições Internacionais
Olhar para exemplos internacionais pode nos inspirar. O Reino Unido, por meio da estratégia “Construction 2025”, e a Austrália, com investimentos em eficiência energética e descarbonização, mostram como a inovação e a sustentabilidade podem impulsionar o crescimento econômico e a competitividade global.
Esses países compreendem que a inovação não é um luxo, mas uma necessidade. Eles investem na capacitação de suas forças de trabalho e criam ambientes regulatórios que favorecem o progresso tecnológico e a sustentabilidade. O Brasil tem muito a aprender com essas experiências, especialmente no fortalecimento de parcerias público-privadas (PPPs) e na colaboração entre governo, empresas e instituições de pesquisa.
O Caminho a Seguir
Para que a construção civil brasileira alcance seu pleno potencial, é necessário um compromisso real com a inovação, a capacitação e a sustentabilidade. As empresas precisam assumir a liderança nessa transformação, investindo em tecnologias disruptivas, promovendo a formação de seus profissionais e adotando práticas sustentáveis.
O estudo da Falconi indica que os investimentos prioritários devem ser direcionados para a conclusão de projetos dentro do prazo e do custo planejado (66%), melhoria na experiência do cliente (44%), industrialização da construção (41%) e qualificação da mão de obra (35%). Essas áreas são fundamentais para garantir a competitividade do setor.
A hora de agir é agora. A construção civil é uma força motriz para o desenvolvimento do Brasil, e seu futuro depende da capacidade de se reinventar. Ao abraçar a inovação, investir em sua força de trabalho e assumir um compromisso firme com a sustentabilidade, o setor não apenas garantirá seu crescimento, mas também contribuirá para um futuro mais próspero e competitivo para o País.

Gregori Dalgais | OAB/RS 85.153 Sou natural de Pelotas/RS, graduado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande, possuo pós graduação em Processo Civil, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, na Faculdade de Administração da Universidade Federal de Pelotas. Sou conselheiro da subseção Pelotas da Ordem dos Advogados do Brasil e presidente de uma das comissões temáticas especiais da casa. Atuo no ramo da tecnologia, novos negócios, startups e antidiscriminação. gregori@lzadvogados.com.br
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